Dois embates principais marcaram o segundo debate entre os candidatos a prefeito de Limeira realizado na noite desta terça-feira (2/10) pela TV Jornal: Kleber Leite (PTB) x Paulo Hadich (PSB) e Eliseu Daniel dos Santos (DEM) x Lusenrique Quintal (PSD).
O clima esquentou durante o encontro. Pelo menos nove pedidos de direito de resposta foram feitos.
Às vésperas do primeiro turno da eleição, os candidatos deixaram claras as suas estratégias. Hadich evitou polêmicas – mas não deixou de responder quando se sentia ofendido. Kleber provocou o candidato do PSB praticamente durante todo o debate.
Eliseu quis se diferenciar de Quintal buscando ressaltar sua experiência administrativa na área pública. Já o candidato do PSD esboçou ataques a Hadich.
No primeiro bloco, todos os candidatos responderam uma mesma pergunta sobre segurança. Kleber já mostrou as armas: criticou “vereadores que podiam ter feito projetos para melhorar a segurança, aumentar a segurança, e não fizeram”. Eliseu – que é vereador, bem como Hadich – pediu direito de resposta. O pedido foi negado.
Quintal aproveitou sua fala para endossar o comentário do petebista referindo-se aos vereadores: “Me parece que não foi feito nenhuma (lei a favor da segurança)”.
No segundo bloco, na primeira rodada de pinga-fogo, em que candidatos fazem perguntas entre si, a estratégia de Hadich ficou evidenciada. Ele foi o primeiro a perguntar e, tal como faria no decorrer do debate, evitou polêmicas. Questionou Quintal sobre qualidade de vida.
Na hora de perguntar, Quintal quis saber de Hadich – a quem chamou de delegado duas vezes, fato que se repetiu em outras duas ocasiões no debate em menções de Kleber – porque ele não fez nada como vereador em favor da segurança.
Hadich aproveitou para responder a provocação do primeiro bloco. Citou projeto de sua autoria que visa combater o mercado clandestino de peças de veículos – raiz de muitas ocorrências de furtos e roubos de carros. Na réplica, Quintal provocou novamente: “O candidato disse que fez projeto, mas pelos números apontados (na pergunta inicial do debate) parece que não deu muito certo”.
Nessa ocasião, o candidato do PSD citou o apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB) duas vezes, fato que se repetiria mais uma vez durante o debate.
Ao questionar Eliseu, Kleber citou um vídeo com fala de Hadich levado ao ar no horário eleitoral no qual o candidato do PSB fala sobre denúncias envolvendo o governo do prefeito cassado Silvio Félix (PDT).
Hadich pediu direito de resposta e usou o tempo concedido para explicar que a frase levada ao horário eleitoral foi retirada de um discurso de 15 minutos, estando fora de contexto. Também mencionou que o uso de trecho do vídeo foi alvo de direito de resposta dado pela Justiça Eleitoral em favor dele.
Na sua vez de perguntar, Eliseu usou pela primeira vez a estratégia que marcou sua atuação no debate: a tentativa de mostrar que entende de administração pública. Ele questionou Kleber sobre desenvolvimento e, na réplica, disse ao adversário que “ficar criticando que fizeram desmembramento de terra não vai resolver nosso problema”.
No terceiro bloco, os candidatos responderam perguntas de jornalistas da TV Jornal. Quintal foi questionado sobre os ataques que vem fazendo a adversários, gerando punições da Justiça Eleitoral.
Ao responder, bateu em Hadich, sem citá-lo nominalmente: “Tem pessoas que não sabem atacar cara a cara. (…) Equipes de candidatos que estão na rua hoje, pessoal do MST (Movimento dos Sem-Terra) lá de Americana batendo de porta em porta difamando candidato, é isso que nos injuria”.
Sorteado para comentar, Eliseu concordou com o adversário. “É lamentável realmente o que está acontecendo em Limeira”. Também citou que pessoas de outras cidades estariam agindo à noite contra a candidatura dele e, numa indireta a Hadich, disse que não dispõe de “estrutura sindical, do MST, de partido que manda no Brasil inteiro”.
Na réplica, Quintal acusou “o pessoal do PT, do MST” de fazer jogo sujo na campanha. Hadich pediu direito de resposta, que foi negado.
O candidato do PSB foi questionado sobre sindicalismo e greves em seu eventual governo. Respondeu de modo técnico. No comentário, Kleber citou ação judicial movida nesta terça-feira contra Hadich envolvendo o Sindsel (Sindicato dos Servidores Municipais) e provocou: “Infelizmente, viu Paulo, você está com um abacaxi na mão porque o PT vai querer governar esta cidade, não vai dar sossego e os sindicatos vão querer tomar conta”.
Hadich respondeu que “se orgulha muito do Partido dos Trabalhadores estar junto nesta caminhada”.
Kleber foi questionado sobre a ausência do candidato a vice na campanha dele. Ao responder, mais uma vez cutucou Hadich. “Tem vice aí que é de outro partido, que é favorável à invasão de terra no Horto. (…) Tem vice que defende isso, o nosso não, o nosso é preparado”.
Hadich esboçou pedir direito de resposta, mas foi sorteado para comentar. Afirmou que “se orgulha muito” do candidato a vice, Antonio Carlos Lima (PT), e chamou de “invencionices” a “conversa” de que o MST ampliará o assentamento instalado no Horto Florestal, em Limeira.
Na réplica, Kleber rebateu: “Nós não estamos fazendo aqui invencionismo. Nós estamos dizendo que o Horto está invadido”. E mencionou que o movimento é “apoiado pelo PT do Paulo Hadich”, a quem chamou de delegado.
O candidato do PSB pediu direito de resposta. Na sua fala sobre o MST, citou “o prefeito da época, do PDT da coligação que apoia o Kleber Leite”. A menção fez o petebista pedir – e receber – também direito de resposta. Kleber falou que o apoio do PDT “é uma questão partidária”. “Eu nunca fiz acordo com o senhor Silvio Félix. Agora, lá no passado, tem vereadores que fizeram”, citou, sem nomes.
Eliseu foi questionado sobre a presença de membros de governos passados em sua equipe de campanha. Na resposta, falou em boatos contra ele e disse que o “pessoal do sindicato é brincadeira!”. Sorteado para comentar, Quintal voltou a falar do governador e pregou montar uma equipe técnica.
Na réplica, Eliseu quis se diferenciar do candidato do PSD – que se apresenta como “administrador” em sua campanha em contraponto ao que chama de “politiqueiros”. “Não é possível a gente achar que a administração privada é igual à administração pública. São mundos diferentes”, falou.
Na segunda rodada do pinga-fogo, no quarto bloco, Hadich mais uma vez evitou polêmicas ao perguntar a Kleber sobre cultura.
Já o petebista manteve a tática de cutucar o adversário do PSB. Perguntou a ele em quais entidades atuou com um objetivo deixado claro nos segundos finais de sua réplica: “O senhor que é da Maçonaria” – fato que havia sido mencionado por Hadich na resposta. A fala de Kleber buscou atingir eleitores do ramo religioso pentecostal, que costumam desaprovar os maçons.
Ainda na pergunta, o petebista mencionou o fato de Hadich se licenciar do cargo de delegado três vezes para disputar eleições e continuar recebendo os salários, o que considerou “imoral”. O candidato do PSB explicou que o afastamento temporário é uma exigência da lei, não um direito ou privilégio.
Em sua vez de perguntar, Eliseu aproveitou o tema da saúde para travar o embate mais caloroso da noite com Quintal. Foram duas rodadas de pergunta e resposta e dois pedidos de direito de resposta (um dos quais concedido) trocando ataques. Como pano de fundo, mais uma vez a tentativa de se diferenciar do adversário no que diz respeito à administração pública:
Eliseu – “Falar que ‘vamos acabar com o problema da falta de remédio’, tem que mostrar como. Nós vamos mostrar. (…) Aí a diferença entre o administrador público e o privado. (…) É fácil falar no geral: ‘Vamos fazer isso, vamos fazer aquilo’, tem que mostrar como”.
Quintal – “Ele foi presidente da Câmara por duas legislaturas, quatro anos, e tivemos vários problemas lá. Se ele conhece tão bem a administração pública como ele está falando não devia ter esses probleminhas lá.”
Eliseu – “Ele não respondeu, continuou falando ‘Vamos comprar remédio’, mas não falou como. Eu falei. Agora, problema na Justiça quem tem não sou eu.”
Nesse momento, o candidato do DEM citou um suposto bloqueio judicial de uma fazenda de Quintal e uma ação que aponta possível superfaturamento no aluguel de um prédio do candidato do PSD para a prefeitura nos anos 1990-2000.
Quintal – “Como advogado ele é muito ruim mesmo, ele está por fora. Não tenho nenhuma fazenda hipotecada, ele vai ter que provar isso aí. (…) O perito falou que (o aluguel) está dentro dos valores praticados pelo mercado. Ele deveria fazer um curso melhor de advocacia.”
Eliseu pediu direito de resposta. Ao falar, disse que é um “excelente advogado”, com 16 anos de experiência. Admitiu que pode ter se equivocado quanto à fazenda, mas reafirmou o processo judicial – ainda sem sentença – envolvendo o aluguel do prédio para o município.
Quintal também pediu direito de resposta, que foi negado.
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